sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Eficiência Energética gerando impacto exemplar

A atuação da Schneider Electric no Brasil até metade de 2016 mostra uma tendência de alcançarmos uma economia de 2.105 GWh para nossos clientes. Esse resultado seria 1,5% abaixo do registrado em 2015, mas mostra uma evolução de 2,5% em relação ao resultado no final do primeiro trimestre.

De qualquer forma, a operação Brasil da Schneider segue gerando cerca de 170 vezes mais economia de kWh do que o seu consumo total de energia, incluindo todas as plantas industriais no país. A economia gerada equivale ao consumo de quase 1,1 milhão de residências, ou mais que todo o consumo de todo o Estado de Tocantins.

Isso acontece graças a um extenso portfólio de produtos e serviços que geram resultados mensuráveis de eficiência energética, junto com uma clara tendência de busca por ganhos de eficiência. São variadores de velocidade, medidores, sistemas de gerenciamento energético, bancos de capacitores, sistemas de controle e automação, e muitos outros.

Tudo isso está consolidado no Placar da Eficiência, que mostra também uma redução nas emissões de 261.900 toneladas de CO2, equivalente ao consumo de aproximadamente 12 milhões de árvores, ou às emissões de uma frota de 100 mil carros populares.

Trata-se, sem dúvida, de um impacto positivo bastante relevante para o país e, que contribuirá muito para que alcancemos o compromisso estabelecido na COP21 de ganhos de eficiência de 10% do consumo nacional.

# sustentabilidade #sustainability #eficienciaenergetica #energyefficiency #reducaoemissoes #CO2mitigation #emissoesCO2 #carbonemissions

quarta-feira, 1 de junho de 2016

O futuro do Brasil

Não pretendo denunciar minha idade, mas posso dizer que sou do tempo em que o Brasil era considerado o país do futuro. Hoje sabemos que isso era um jargão populista, usado por um Estado sem nenhuma vocação para governar. Não estou aqui falando de um governo ou outro. Estou falando de todos.

Há pouco tempo, a The Economist transformou o Corcovado em foguete, sugerindo que o Brasil iria finalmente deslanchar. Será que foi pra vender revista? Não sei. Só sei que, algum tempo depois, a mesma revista fez uma capa com a "errata".


A verdade é que o Brasil tem recursos mais do que suficientes para ser um país desenvolvido, sem as gigantescas desigualdades que vivenciamos. Mas pra chegar lá, temos um problema grave pra resolver: a natureza e a cultura do Estado brasileiro.

Nosso Estado não governa para os cidadãos. Na maior parte do tempo, ele governa pra si próprio, e legisla em causa própria. E de quem é a culpa? É minha. É sua.

Primeiro porque vivemos numa democracia, e quem coloca os governantes lá, somos nós. Segundo porque o brasileiro espera que o Estado resolva todos os seus problemas, o que não acontece em lugar nenhum do mundo. A idéia de um “Estado todo poderoso” é uma grande mentira, que jamais chegou a acontecer.

Nenhum Estado jamais teve essa capacidade. Então o lógico é focar em algumas coisas apenas, aquelas mais importantes para o cidadão. Mas nessa simples frase estão embutidas duas grandes transformações.

A primeira transformação é aceitar diminuir o tamanho do Estado e focar no que interessa: educação, saúde, segurança e infraestrutura. O papel do governo é dar direção, incentivar o que é bom para o cidadão, e ao mesmo tempo dificultar (ou eliminar) o que é ruim. O governo não precisa fazer tudo. Na maioria dos casos, basta definir as políticas públicas adequadamente. Nosso povo é um dos mais empreendedores do mundo, e certamente se organizará para desenvolver nossa sociedade segundo tais políticas.

A segunda transformação é priorizar os problemas da sociedade, dando a eles a devida atenção. Cidadãos e empresas geram riquezas que sustentam o Estado. E na minha cabeça, quem paga a conta é o “patrão”! Essa mudança de cultura deve valorizar a presunção de inocência nas relações do Estado com a sociedade em geral, eliminando de vez os ranços de desconfiança ou desdém. Não é aceitável ter de esperar 3 meses por uma consulta médica. Ou 6 meses pra se abrir uma empresa. Isso pra mim não é ineficiência. É bem pior que isso!

Essas duas transformações não acontecerão se ficarmos esperando a corrupção acabar. Ela existe no mundo inteiro! Devemos fiscalizar, sim, e muito! Mas o que falta de verdade para sermos o país do futuro, é governo. Falta governo que governe para o cidadão. Talvez pra isso seja preciso uma reforma política contundente. Não sei. Não sou especialista no assunto.

Mas sei que a solução passa por cada um de nós. De um jeito ou de outro, nós faremos o futuro desse país. Ou não.

#brasil #futuro #politicaspublicas
#brazil #future #publicpolicies

terça-feira, 19 de abril de 2016

A difícil escolha entre o hoje e o amanhã

O mais difícil na vida das pessoas e dos países é a escolha entre o hoje e o amanhã, diz o economista Eduardo Giannetti da Fonseca.


A geração que vivou com a hiperinflação, tem aversão a poupar porque viveu anos num país em que o dinheiro era corroído pelo tempo. Eles foram educados para acreditar, e acreditam, que dinheiro tem que ser gasto, o mais rápido possível. Muitos tentaram guardar algum dinheiro, e hoje vêem que tudo virou pó.

Outros, da mesma faixa etária, não querem fazê-lo simplesmente com medo de confiscos e pacotes que podem fazer esta poupança sumir, do dia pra noite. Milhares de pessoas viveram pesadelos como este, e carregam estas cicatrizes até hoje.

A nova geração, que viveu grande parte da vida após o Plano Real, e portanto numa economia estabilizada, não quer poupar pois tem havido crédito farto por aí. Estes ignoram os altos juros brasileiros, e o quanto isso os prejudica.

Por tudo isso, e muitos outros fatores, temos uma dificuldade crônica de poupar. A maior parte da poupança da maioria dos brasileiros é o compulsório FGTS, que tem péssima rentabilidade, baixíssima liquidez, e deveria ser reformado já. 

De 1994 a 2002, o FGTS rendeu 374%, enquanto o CDI (base das aplicações de renda fixa oferecidas pelo próprio Tesouro Nacional) cresceu 2.682%. Isso prova que o FGTS não é poupança, e sim um confisco, ou mais um imposto.

O Brasil precisa poupar. Sem poupança, não há investimento.
E sem investimento, não cresceremos.

#investimentos #poupanca #orcamento
#investments #savings #budgets

segunda-feira, 28 de março de 2016

Os vilões da conta de energia continuam a agir

Os tributos e encargos setoriais são os principais vilões das contas de energia. O consumidor paga mais por eles do que paga pela geração, transmissão e distribuição de energia. É o que mostra um estudo recente da PwC que apontou que 40,2% da receita da cadeia de produção de energia se destina a tributos e encargos. O estudo mostra que o peso dos tributos supera 40% da conta de luz desde 1999.

Em 2012, o governo promulgou a Medida Provisória 579 prometendo reduzir em 20% a conta de luz. Fez isso de uma forma artificial que se provou insustentável. Em 2014, ano eleitoral, o Tesouro aportou R$ 11,8 bilhões para subsidiar certas classes de produtores e consumidores até então bancados pela conta de luz dos demais consumidores. Sem esse subsídio, a carga de tributos e encargos sobre a conta de luz teria sido de 51%.

O maior tributo de nossas contas de energia é o ICMS, responsável por 17,8% do total da conta, ou mais de 44% do total de impostos e encargos. Hoje a maior parte da arrecadação do ICMS fica com o Estado produtor, o que torna esse tributo o principal alvo da guerra fiscal entre Estados. Uma solução para este problema só virá com a mudança dessa lógica do ICMS, deslocando a destinação das receitas aos “Estados-destino”, o que tornaria a tributação mais equânime e eficiente.

O segundo tributo mais pesado é o PIS/Cofins, que representa cerca de 10,7% da conta de luz, ou mais de 26% do total de impostos e encargos. Já foi cerca de metade disso até 2003, quando o governo promoveu as mudanças que elevaram a cobrança aos patamares de hoje.

O que se viu nos últimos anos, foi um aumento dos tributos federais (de ~7% para ~14%), e uma redução dos encargos setoriais (que já tiveram pico de ~11% e cairam para 5,6%).  Dentre esses, dois encargos se destacam: a Reserva Global de Reversão (RGR) e a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). Ambos foram eliminados em 2013, mas seus custos foram transferidos para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que supostamente deveria contar com recursos do Tesouro, mas que, desde 2015, não conta mais.

A altíssima carga tributária sobre o setor elétrico penaliza as camadas de baixa renda, seja pelo seu próprio consumo, seja pela energia consumida na produção dos bens que adquirem. Mas há pouca chance disso ser corrigido antes das contas públicas sairem do vermelho.

terça-feira, 15 de março de 2016

O planeta já aqueceu 1,5 graus

A assinatura do Acordo de Paris foi importante, mas não basta. Não estamos reagindo rápido o suficiente para controlar as mudanças climáticas dentro de limites aceitáveis.

A prova disso é que, em fevereiro, o planeta esteve 1,5 graus mais quente do que na época pré-industrial. Esse valor foi definido como o limite desejável no acordo da COP21, e faz parte do texto assinado por quase todos os países do mundo. Mas ele já foi.

Vejam só a sequência de recordes negativos e notícias ruins dos últimos seis meses:
Pessoal, a coisa é séria. É preciso a atuação de cada um de nós, na casa, na rua, no trabalho, em todo lugar. Já.

#sustainability #globalwarming #climatechange #carbonemissions
#sustentabilidade #aquecimentoglobal #mudancasclimaticas #emissoesdeco2

quinta-feira, 10 de março de 2016

O PIB é uma boa forma de medir um país?

Na semana passada, saiu o PIB brasileiro de -3,8%, e quero logo de início deixar claro que eu acho que foi muito pior do que isso. O dilema da sustentabilidade no planeta (ou da falta dela) sempre traz a tona discussões sobre o crescimento econômico, e hoje eu quero discutir a correção (ou não) do PIB como métrica desse crescimento.

Como eu, muitos acham que o PIB não é uma boa medida do crescimento de um país. Tão importante quanto atingir um objetivo, é a forma como isso é feito. O PIB mede os “fins”, mas ignora os “meios”. E os fins não justificam os meios.

Há alguns anos, o presidente Sarkozy, encomendou um estudo para tratar do tema, alegando que não mudaremos nosso comportamento enquanto não for alterada a forma como medimos nosso desempenho.

Um outro centro criou o IDH (Indice de Desenvolvimento Humano), que é melhor, porque inclui indicadores sociais, mas também tem suas falhas.

O fato é que um novo índice deve incluir todos os tipos de “riqueza gerada por uma nação”, e não apenas produtos e serviços, como é feito no cálculo do PIB tradicional.

Ora, educar uma criança não é gerar riqueza? Ou devemos medir apenas o número de cadernos (ou lápis) produzidos?

Eu sei que o PIB ainda é representa uma razoável aproximação da riqueza gerada por uma nação. Mas os erros dessa medição vão crescer rapidamente se não passarmos a computar a forma como essa riqueza financeira foi gerada.

Por exemplo: faz muita diferença produzir energia a partir de carvão, ou a partir do vento. O mesmo kWh não pode ter o mesmo valor. Não pode ser medido apenas em kWh.

O “lixo” acumulado pela atividade econômica tradicional é uma espécie de “depreciação” dos ativos desta sociedade. Esse “lixo” inclui o CO2 emitido na atmosfera, os rejeitos (às vezes tóxicos) depositados em lixões, silos ou represas, e a devastação de nosso meio-ambiente por diversas formas. Eu também acho que deve incluir os impactos da escravização de pessoas (boa pauta para uma longa discussão!). E como sabemos, incluirá, mas dia, menos dia, os custos da corrupção.

No mundo da sustentabilidade, todas essas formas de “lixo” são chamadas de externalidades. O custo dessas externalidades vai aparecer um dia. E por isso, sou a favor que comece a entrar na conta desde já, pois está sendo gerado agora.

O PIB de todos os países ignora tudo isso. Os balanços da maioria das empresas também. Ao meu ver, chegou a hora de começarmos a fazer provisões pra pagar essa conta.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Impacto positivo da Schneider aumenta no Brasil

A atuação da Schneider Electric no Brasil em 2015 ocasionou uma economia de 2.136 GWh para seus clientes, mais de 170 vezes o consumo de energia de todas as nossas plantas industriais no país. Por consequência, emitimos muito menos CO2 do que evitamos.

Isso acontece graças a um extenso portfólio de produtos e serviços que geram resultados mensuráveis de eficiência energética, junto com uma clara tendência de busca por ganhos de eficiência. São variadores de velocidade, medidores, sistemas de gerenciamento energético, bancos de capacitores, sistemas de controle e automação, e muitos outros. Tudo isso está consolidado no nosso Placar da Eficiência.

Mesmo num cenário de recessão, o impacto positivo da empresa teve um avanço de 6,1% em relação ao ano anterior, e equivale ao consumo de quase 1,1 milhão de residências, ou mais que todo o consumo de todo o Estado de Tocantins.

É muito gratificante perceber que nossa presença é tão relevante para o país, e ainda contribui tanto para o combate ao aquecimento global. O consumo evitado representa cerca de 265 mil toneladas de CO2 a menos na atmosfera, ou o volume de emissões de 100 mil carros populares.

Como uma árvore adulta consome 22 kg de CO2 por ano, estamos nos sentindo como se tivéssemos plantado 12 milhões de árvores. Mais de 3.000 árvores para cada um dos nossos colaboradores. Ou mais de 8 árvores por dia, pra cada um de nós.

Essas sensação não tem preço e nos dá motivação extra pra continuar o trabalho, aumentando ainda mais o impacto em 2016.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Quem vai pagar a conta da corrupção?

A corrupção produz um círculo vicioso que reduz a eficiência. Preços superfaturados aumentam o custo das cadeias de produção. A corrupção, portanto, é inflacionária.

Nós brasileiros hoje sabemos disso. A destruição de riqueza atingiu negócios, famílias e o próprio governo. A saudável descoberta dos crimes cometidos provocou um terremoto na economia. Da pior forma, aprendemos o valor da boa governança, negligenciada por anos. Hoje sabemos o que jamais devemos fazer.


Mas será que aprendemos mesmo? Imagine uma firma onde trabalhem dois engenheiros bem diferentes. Um deles é criativo e desenvolveu processos que reduzem custos e podem, portanto, permitir que a empresa ganhe uma concorrência pública. O outro não fez nada disso, mas sabe como chegar à pessoa que vai decidir a concorrência. E mais: sabe com que quantia em dinheiro ele se deixaria convencer a dar a vitória para a sua empresa. Qual dos dois vai ascender na carreira mais rapidamente?

Imagine um país onde isso se torna prática corriqueira. Um país onde o governo movimenta bilhões, e tem participação importante em quase todos os setores da economia. Sim, a resposta é que os postos chave do governo caem nas mãos dos piores. E o mesmo acontece nas grandes empresas que dependem do governo.

Pois bem, não é justo que sejamos liderados por profissionais com baixo padrão ético. O combate à corrupção é fundamental para melhorar o ambiente de negócios neste país. É preciso controlar a inflação e reverter o déficit público. É preciso simplificar o sistema tributário e evitar privilégios a certas empresas. É preciso reduzir a burocracia e a presença do Estado na economia.

A carga tributária no Brasil era 25,9% do PIB antes do Plano Real. Chegou a 35,4% no fim do primeiro governo Dilma. Se contarmos o déficit que o governo vem acumulando, a conta já está próxima de 40% do PIB. Na maior parte, por conta de corrupção e má gestão.

Essa conta não é minha, e eu não quero pagá-la.

#corrupcao #quempagaaconta #custodacorrupcao
#corruption #whopaysthecost #costofcorruption

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Cenários de emissões de CO2 e seus impactos

Olhando as INDCs dos países que assinaram o acordo de Paris na COP21, vemos que os compromissos são diferentes e variados. Todos de alguma forma afetam o impacto do homem sobre o clima, mas não é tão simples quantificar esse impacto, e muito menos a contribuição de cada país. Para entender melhor os vários cenários para se alcançar a tão sonhada redução das emissões de CO2, vou apresentar aqui a equação de Kaya (“Kaya Identity”).

Yoichi Kaya e uma equipe de engenheiros especialistas da Tokyo University escreveram a equação abaixo, para projetar o crescimento das emissões de CO2 produzido pelo homem, e seu impacto no meio-ambiente. Trata-se de uma fórmula simples que usa índices comuns do nosso dia-a-dia (aqueles que o William Bonner menciona no JN diariamente).

Veja a equação de Kaya e algumas premissas básicas:


Como a geração de energia é o que mais impacta as emissões, a fórmula deixa de lado impactos pontuais ou regionais como queimadas ou desmatamento. Esta premissa é válida, pois quando pensamos nas emissões de CO2 no planeta como um todo, o que importa mesmo é a geração e uso de energia. Ao decompor o impacto das quatro variáveis acima, Kaya nos permite projetar cenários de forma simples. Eu até fiz isso em uma planilha Excel, que você pode baixar aqui.

A primeira variável é a população. Mais gente exige mais geração de energia, mais produção de alimentos, e mais consumo de recursos em geral. A população da Terra é de 7 bilhões atualmente, e atingirá 9 bilhões de pessoas no meio do século. Esse crescimento, da ordem de 0,9% ao ano, exercerá grande pressão sobre o meio-ambiente.

A segunda variável é a renda per capita (produção de riqueza por habitante), que normalmente é ligada ao padrão de vida das pessoas, e que cresce mais de 2% ao ano (média mundial). Um cidadão americano consome muito mais do que um africano, por exemplo. E obviamente, trazer todos a um padrão de vida americano ou europeu significaria um volume gigante de CO2 na atmosfera. Esta variável é estratégica para países pobres ou em desenvolvimento, que querem ter o direito de “enriquecer” a sua população, o que significa aumentar emissões. Dos países da América do Sul, Argentina, Colômbia e Peru manifestaram isso em suas INDCs.

A terceira variável é a intensidade energética, ou seja, quando a sociedade precisa de energia para produzir riqueza. A chave aqui é usar menos energia, ser mais eficiente. Vários países declararam que incentivarão ações de eficiência energética, dentre eles Brasil, Argentina e Colômbia. Mas esta variável deve considerar também as mudanças de nossa economia, em clara transição para um formato mais “digital”. Há cenários em que a intensidade energética cairá até 2,8% ao ano até 2040.

E a última variável, é a intensidade de carbono na matriz energética. Obviamente, quem quiser melhorar essa variável terá de aumentar o uso de energias renováveis e diminuir o uso de combustíveis fósseis. Não há outras formas de diminuir a intensidade de carbono. A California decidiu que estará livre de carbono até 2050. Mas isso não acontecerá em toda parte. As previsões mais otimistas falam em redução da intensidade de carbono a uma taxa de 2,3% ao ano.

A China, se comprometeu a reduzir em 60% a intensidade de carbono na sua economia (que é o resultado do produto das variáveis 3 e 4). Mas é importante esclarecer que, se as demais variáveis não foram gerenciadas, é possível que as emissões chinesas aumentem assim mesmo. Como a China, o Chile prometeu reduzir 30% as emissões por unidade do PIB. Mas estabeleceu condições mínimas de crescimento econômico para este compromisso.

Outros países, como EUA, Europa e Brasil, se comprometeram a reduzir as emissões totais (que é o que importa) e não apenas algumas variáveis da equação. Os EUA se comprometeu em reduzir 26% suas emissões até 2025 (abaixo dos níveis de 2005). O Brasil prometeu reduzir 37%, com grande parte vindo da promessa de acabar com o desmatamento ilegal. Mas a maior contribuição virá mesmo da Europa, que prometeu reduzir 40% suas emissões em comparação com valores de 1990.

Como um todo, o mundo precisa alcançar o Cenário 450 da Agência Internacional de Energia, que estabelece 450 ppm como a concentração máxima de CO2 na atmosfera para limitarmos o aquecimento global em 2o Celsius. Olhando a equação, parece claro que se queremos zerar as emissões, temos que zerar pelo menos uma das variáveis. Mas não vamos eliminar a população da Terra, nem parar de comer ou de ir trabalhar.

Com isso, nos restam apenas as duas últimas variáveis. E portanto dois caminhos: eficiência energética e energias renováveis. Temos que gastar menos energia. E temos que produzir energia de forma mais limpa. E pelas projeções que você mesmo poderá fazer (baixando a planilha de simulação), é bom começarmos já.

#eficienciaenergetica #emissaodecarbono #energiasrenovaveis #mudancasclimaticas #pegadadecarbono #sustentabilidade #energyefficiency #carbonemissions #renewableenergy #climatechange #carbonfootprint #sustainability

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A ligação entre inovação e economia circular

Steve Jobs disse que não se importava em ser o homem mais rico do cemitério. Preferia o gostinho de ir para a cama todas as noites sabendo que havia feito algo maravilhoso.

Esse é o ponto principal deste post.

Desde a revolução industrial, a humanidade tem se aproveitado dos recursos naturais para melhorar seu padrão de vida. Mas estes recursos estão ficando escassos e caros, e parece que chegou a hora de começarmos a fazer algo maravilhoso, como gostava Steve Jobs. Na COP21 em Paris, falou-se muito sobre redução das emissões de CO2. Mas outro ponto tão ou mais importante, é a necessidade de criação de uma economia circular.

Numa economia circular, o crescimento econômico não se dá pela extração e do consumo de recursos escassos, e sim ao se fazer os recursos existentes serem produtivos o máximo possível. Em outras palavras, significa mudar a forma de usar as matérias-primas, reduzir o lixo alimentar e eletrônico, desenvolver novas técnicas de reciclagem, criar novos materiais de construção e formas de usar os antigos, e criar novas fontes de energia a partir do lixo.

Ao usar uma cadeia de suprimentos circular, processos como desenho de produtos e gestão de resíduos se tornarão mais eficientes e produtivos. A seguir, listamos 3 formas clássicas para se começar esta jornada:
  1. Pratique mais reciclagem. Há produtos que podem ser reciclados indefinidamente, como vidro, aço, alumínio e cobre. Outros, como papel e plásticos, se deterioram a cada reciclagem. Priorize os primeiros.
  2. Alugue, ao invés de vender. A reciclagem, por melhor que seja, depende do usuário final para funcionar. Ao vender o uso dos produtos, no lugar dos próprios produtos, as empresas mantém a propriedade dos produtos durante toda sua vida útil, o que lhes permite reformar ou reciclá-los para uso novamente.
  3. Crie formas de aumentar o uso dos produtos. Ao invés de jogá-los fora, reforme-os e aumente sua vida útil. Existem mercados para produtos reformados que podem ser vendidos a preços mais baixos.
Em Paris, 196 países assinaram um acordo para criarmos um futuro melhor. Mas isso não vai acontecer sem soluções inovadoras de empresas e consumidores. Quanto antes começarmos a criar uma economia circular, melhor para todos nós. E ainda poderemos curtir o fato de termos feito algo maravilhoso.

#circulareconomy #climatechange #sustainability
#economiacircular #mudancasclimaticas #sustentabilidade

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Schneider é escolhida a 12a empresa mais sustentável do mundo

A Corporate Knights, publicação canadense especializada em responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, divulgou nesta semana a sua tradicional lista "The Global 100", que lista as empresas com as melhores práticas de sustentabilidade corporativa em todo o mundo. O levantamento começou a ser feito em 2005 e é anunciado, anualmente, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.

A publicação seleciona empresas de todos os setores com base em 12 indicadores principais. São eles: energia, emissões de carbono, consumo de água, resíduos sólidos, capacidade de inovação, pagamentos de impostos, a relação entre o salário médio do trabalhador e o do CEO, planos de previdência corporativos, segurança do trabalho, percentual de mulheres na gestão e o chamado "bônus por desempenho". Este último quesito procura identificar se a remuneração dos executivos está, de alguma forma, atrelada ao desempenho de sustentabilidade empresarial. Para a publicação, esse tipo de bonificação ajuda a estimular as boas práticas.

Quem lidera a lista de 2016 é a BMW, que estava em sexto lugar no ano passado. A empresa marcou mais de 80 por cento nos 12 principais indicadores, com performances notáveis nas áreas de energia, resíduos e redução no uso de água, além de uma nota máxima em "bônus por desempenho".

A Schneider Electric foi apontada como a 12a empresa mais sustentável do mundo, e mais uma vez, foi a primeira colocada na área de equipamentos elétricos. . Este é o terceiro ano em que a empresa fica entre as "top 15". No ano passado tinha ficado em nono, e em 2014 em décimo lugar.

Veja a lista das 15 empresas mais bem colocadas:

Rank Empresa País Área/Indústria
1 BMW Alemanha Automóveis
2 Dassault Systemes França Software
3 Outotec Finlândia Construção
4 Bank of Australia Austrália Bancos
5 Adidas Alemanha Vestuário
6 Enagas Espanha Gás
7 Danske Bank Dinamarca Bancos
8 StarHub Cingapura Telecomunicações
9 Reckitt Benckiser Reino Unido Produtos domésticos
10 City Developments Cingapura Incorporação
11 Centrica Reino Unido Multi Utilidades
12 Schneider Electric   França Equipamentos elétricos
13 Coca-Cola EUA Bebidas
14 L'Oreal França Uso pessoal
15 Kesko Finlândia Alimento e Varejo

Referência: Exame.com

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O que muda com o acordo de Paris?

Há algumas semanas, 195 países chegaram a um acordo histórico na COP21 de Paris. Todos concordam que o aquecimento global é real e precisa ser combatido. E que para tanto, devemos nos esforçar para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 graus comparado com a era pré-industrial.

O planeta, como um todo, terá de diminuir as emissões de carbono significativamente. Mas cada um dos países já mostrou seu plano, e a soma deles não chega nem perto que que é preciso globalmente. Criou-se um fundo para ajudar os países em desenvolvimento a mudar suas matrizes energéticas, e a diminuírem o desmatamento. Serão 100 bilhões de dólares por ano, mas ainda não se sabe como esse dinheiro será gasto.

Ainda que o acordo da COP21 seja um bom ponto de partida, o objetivo segue sendo desafiador. E para que ele seja alcançado, será preciso muito mais do que foi acordado em Paris. Isso porque o acordo não inclui metas nem responsabilidades. E portanto não tem valor legal, apenas político. De qualquer forma, segue um resumo do que temos que alcançar nos próximos 35 anos, sem direito a falhas.

MOBILIDADE: O objetivo acordado exige o fim do uso do petróleo como fonte de energia antes de 2050. Carros deverão usar outro tipo de energia. A tendência é que se desenvolva o carro elétrico, e que se intensifique o uso de biocombustíveis.

ENERGIA: Eletricidade deverá ser gerada a partir de fontes renováveis: hidráulica, eólica, solar, geotérmica e biomassa. O carvão terá de ser abolido, ainda que seja uma fonte de energia muito barata.

INTENSIDADE ENERGÉTICA: Cada um de nós deverá usar menos energia em nosso dia-a-dia. Teremos que ser mais eficientes. Precisaremos de dispositivos mais eficientes, e mais sabedoria no uso de tecnologias mais eficientes.

ECONOMIA CIRCULAR: Será preciso aprendermos a reciclar. Teremos que reciclar muito mais do que fazemos hoje. De carona nesta tendência, seremos forçados a produzir menos lixo. Negócios ligados a reaproveitamento de materiais e recursos terão de prosperar.

MEIO AMBIENTE: Vamos ter que começar a cuidar dele de verdade. Teremos que recompor uma boa parte de nossas florestas. Milhões de hectares ao redor do mundo. Elas capturam o carbono da atmosfera, e portanto são essenciais ao controle do CO2 dentro dos limites necessários para o cumprimento do acordo de Paris.

Há inúmeros outros pontos, mas certamente esses são os principais. É hora de parar de "mimimi" e arregaçarmos as mangas, pois há muito o que se fazer. Cada um de nós pode ajudar no processo de conscientização. Outros, podem dar o exemplo no trato com o lixo e com a energia. Economizar energia e repensar nossos meios de transporte também está ao alcance de todos.

Segue frase de Robert Swan exibida na cerimônia de entrega do Prêmio Eco 2015:

"A maior ameaça ao nosso planeta é a crença
que uma outra pessoa vai salvá-lo"

Temos uma oportunidade de fazer história! E temos também a obrigação de pensarmos em nossos filhos e netos. Em 2050, minha filha caçula será mais nova do que eu sou hoje. E se mantivermos as coisas como estão, ela viverá num planeta apocalíptico. E talvez eu esteja lá pra testemunhar o que minha geração deixou de herança.

Não sou só eu que não quer isso. Nenhum de nós quer. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Eficiência Energética é a bola da vez

Jeffrey Sachs participou de várias conferências em Paris, apresentando seu olhar sobre a descarbonização do planeta incluído no estudo “Pathways to Deep Decarbonization”, onde explica que o crescimento populacional e econômico do Brasil ampliou o aumento das emissões relacionadas à energia, e destaca que é necessário tomar medidas em curto prazo para alcançar mudanças significativas até 2030.  Uma delas seria a criação de uma legislação para fomentar a adoção de energias renováveis e de eficiência energética.

A Agência Internacional de Energia (IEA) também promoveu várias discussões em Paris, sempre ressaltando a necessidade urgente de se iniciar a transição para um sistema energético sustentável para descolar o crescimento econômico das emissões de gases de efeito de estufa. A IEA, que chama a eficiência energética de “primeiro combustível para a descarbonização”, lançou um relatório sobre esse mercado, no qual reconhece os esforços do governo brasileiro em criar programas de eficiência e linhas de financiamento pelo BNDES. Alerta, porém, que o país tem, pelo menos, três desafios pela frente:
  1. A coordenação e gerenciamento pelo MME de todos os stakeholders (Eletrobras, ANEEL, EPE, distribuidoras, etc) envolvidos na implementação de programas e políticas.
  2. A queda nos financiamentos públicos, criando incertezas para os investidores. Entre eles está o PROCEL, usado para subsidiar preços de eletricidade e não para investimentos em eficiência energética, e o PEE, cujo budget vem sendo reduzido.
  3. A falta de expertise técnica qualificada, que leva tempo de desenvolvimento e amadurecimento.
Quem também aproveitou a COP21 para chamar a atenção para a Eficiência Energética foi a consultoria alemã Fraunhaufer ISI. O estudo “Como a Eficiência Energética corta custos para um futuro de 2°C”, que avaliou vários países, inclusive o Brasil, revela o potencial e as oportunidades para alavancar a Eficiência Energética em transportes, indústria e edifícios no país. Além de barreiras financeiras, eles destacam a falta de informação e a incerteza sobre o retorno entre os principais entraves para o investimento. Mas traz o quadro de economias abaixo, com valores muito relevantes.

Seguem algumas das conclusões sobre o potencial da Eficiência Energética, apresentadas durante esta COP21:
  • Os benefícios da eficiência energética superam os ganhos financeiros, contribuem para a segurança energética, para a produtividade das empresas e para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
  • Cerca de 40% das reduções de emissões necessárias até 2050 para limitar o aumento da temperatura global podem ser alcançadas via eficiência energética.
  • O investimento global em Eficiência Energética desde 1990 evitou a emissão de mais de 870 MtCO2 e reduziu os custos com combustíveis em 550 bilhões de dólares (IEA 2015).
  • O investimento em Eficiência Energética no Brasil pode reduzir os custos líquidos com descarbonização em 13 bilhões de dólares, o que corresponde a 0.32% do PIB do país em 2030.
Referências:
#eficienciaenergetica #mudancasclimaticas #energiasrenovaveis #sustentabilidade #emissoesdeco2 #energyefficiency #climatechange #renewables #sustainability #co2emissions