quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O que muda com o acordo de Paris?

Há algumas semanas, 195 países chegaram a um acordo histórico na COP21 de Paris. Todos concordam que o aquecimento global é real e precisa ser combatido. E que para tanto, devemos nos esforçar para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 graus comparado com a era pré-industrial.

O planeta, como um todo, terá de diminuir as emissões de carbono significativamente. Mas cada um dos países já mostrou seu plano, e a soma deles não chega nem perto que que é preciso globalmente. Criou-se um fundo para ajudar os países em desenvolvimento a mudar suas matrizes energéticas, e a diminuírem o desmatamento. Serão 100 bilhões de dólares por ano, mas ainda não se sabe como esse dinheiro será gasto.

Ainda que o acordo da COP21 seja um bom ponto de partida, o objetivo segue sendo desafiador. E para que ele seja alcançado, será preciso muito mais do que foi acordado em Paris. Isso porque o acordo não inclui metas nem responsabilidades. E portanto não tem valor legal, apenas político. De qualquer forma, segue um resumo do que temos que alcançar nos próximos 35 anos, sem direito a falhas.

MOBILIDADE: O objetivo acordado exige o fim do uso do petróleo como fonte de energia antes de 2050. Carros deverão usar outro tipo de energia. A tendência é que se desenvolva o carro elétrico, e que se intensifique o uso de biocombustíveis.

ENERGIA: Eletricidade deverá ser gerada a partir de fontes renováveis: hidráulica, eólica, solar, geotérmica e biomassa. O carvão terá de ser abolido, ainda que seja uma fonte de energia muito barata.

INTENSIDADE ENERGÉTICA: Cada um de nós deverá usar menos energia em nosso dia-a-dia. Teremos que ser mais eficientes. Precisaremos de dispositivos mais eficientes, e mais sabedoria no uso de tecnologias mais eficientes.

ECONOMIA CIRCULAR: Será preciso aprendermos a reciclar. Teremos que reciclar muito mais do que fazemos hoje. De carona nesta tendência, seremos forçados a produzir menos lixo. Negócios ligados a reaproveitamento de materiais e recursos terão de prosperar.

MEIO AMBIENTE: Vamos ter que começar a cuidar dele de verdade. Teremos que recompor uma boa parte de nossas florestas. Milhões de hectares ao redor do mundo. Elas capturam o carbono da atmosfera, e portanto são essenciais ao controle do CO2 dentro dos limites necessários para o cumprimento do acordo de Paris.

Há inúmeros outros pontos, mas certamente esses são os principais. É hora de parar de "mimimi" e arregaçarmos as mangas, pois há muito o que se fazer. Cada um de nós pode ajudar no processo de conscientização. Outros, podem dar o exemplo no trato com o lixo e com a energia. Economizar energia e repensar nossos meios de transporte também está ao alcance de todos.

Segue frase de Robert Swan exibida na cerimônia de entrega do Prêmio Eco 2015:

"A maior ameaça ao nosso planeta é a crença
que uma outra pessoa vai salvá-lo"

Temos uma oportunidade de fazer história! E temos também a obrigação de pensarmos em nossos filhos e netos. Em 2050, minha filha caçula será mais nova do que eu sou hoje. E se mantivermos as coisas como estão, ela viverá num planeta apocalíptico. E talvez eu esteja lá pra testemunhar o que minha geração deixou de herança.

Não sou só eu que não quer isso. Nenhum de nós quer. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Eficiência Energética é a bola da vez

Jeffrey Sachs participou de várias conferências em Paris, apresentando seu olhar sobre a descarbonização do planeta incluído no estudo “Pathways to Deep Decarbonization”, onde explica que o crescimento populacional e econômico do Brasil ampliou o aumento das emissões relacionadas à energia, e destaca que é necessário tomar medidas em curto prazo para alcançar mudanças significativas até 2030.  Uma delas seria a criação de uma legislação para fomentar a adoção de energias renováveis e de eficiência energética.

A Agência Internacional de Energia (IEA) também promoveu várias discussões em Paris, sempre ressaltando a necessidade urgente de se iniciar a transição para um sistema energético sustentável para descolar o crescimento econômico das emissões de gases de efeito de estufa. A IEA, que chama a eficiência energética de “primeiro combustível para a descarbonização”, lançou um relatório sobre esse mercado, no qual reconhece os esforços do governo brasileiro em criar programas de eficiência e linhas de financiamento pelo BNDES. Alerta, porém, que o país tem, pelo menos, três desafios pela frente:
  1. A coordenação e gerenciamento pelo MME de todos os stakeholders (Eletrobras, ANEEL, EPE, distribuidoras, etc) envolvidos na implementação de programas e políticas.
  2. A queda nos financiamentos públicos, criando incertezas para os investidores. Entre eles está o PROCEL, usado para subsidiar preços de eletricidade e não para investimentos em eficiência energética, e o PEE, cujo budget vem sendo reduzido.
  3. A falta de expertise técnica qualificada, que leva tempo de desenvolvimento e amadurecimento.
Quem também aproveitou a COP21 para chamar a atenção para a Eficiência Energética foi a consultoria alemã Fraunhaufer ISI. O estudo “Como a Eficiência Energética corta custos para um futuro de 2°C”, que avaliou vários países, inclusive o Brasil, revela o potencial e as oportunidades para alavancar a Eficiência Energética em transportes, indústria e edifícios no país. Além de barreiras financeiras, eles destacam a falta de informação e a incerteza sobre o retorno entre os principais entraves para o investimento. Mas traz o quadro de economias abaixo, com valores muito relevantes.

Seguem algumas das conclusões sobre o potencial da Eficiência Energética, apresentadas durante esta COP21:
  • Os benefícios da eficiência energética superam os ganhos financeiros, contribuem para a segurança energética, para a produtividade das empresas e para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
  • Cerca de 40% das reduções de emissões necessárias até 2050 para limitar o aumento da temperatura global podem ser alcançadas via eficiência energética.
  • O investimento global em Eficiência Energética desde 1990 evitou a emissão de mais de 870 MtCO2 e reduziu os custos com combustíveis em 550 bilhões de dólares (IEA 2015).
  • O investimento em Eficiência Energética no Brasil pode reduzir os custos líquidos com descarbonização em 13 bilhões de dólares, o que corresponde a 0.32% do PIB do país em 2030.
Referências:
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