quarta-feira, 1 de junho de 2016

O futuro do Brasil

Não pretendo denunciar minha idade, mas posso dizer que sou do tempo em que o Brasil era considerado o país do futuro. Hoje sabemos que isso era um jargão populista, usado por um Estado sem nenhuma vocação para governar. Não estou aqui falando de um governo ou outro. Estou falando de todos.

Há pouco tempo, a The Economist transformou o Corcovado em foguete, sugerindo que o Brasil iria finalmente deslanchar. Será que foi pra vender revista? Não sei. Só sei que, algum tempo depois, a mesma revista fez uma capa com a "errata".


A verdade é que o Brasil tem recursos mais do que suficientes para ser um país desenvolvido, sem as gigantescas desigualdades que vivenciamos. Mas pra chegar lá, temos um problema grave pra resolver: a natureza e a cultura do Estado brasileiro.

Nosso Estado não governa para os cidadãos. Na maior parte do tempo, ele governa pra si próprio, e legisla em causa própria. E de quem é a culpa? É minha. É sua.

Primeiro porque vivemos numa democracia, e quem coloca os governantes lá, somos nós. Segundo porque o brasileiro espera que o Estado resolva todos os seus problemas, o que não acontece em lugar nenhum do mundo. A idéia de um “Estado todo poderoso” é uma grande mentira, que jamais chegou a acontecer.

Nenhum Estado jamais teve essa capacidade. Então o lógico é focar em algumas coisas apenas, aquelas mais importantes para o cidadão. Mas nessa simples frase estão embutidas duas grandes transformações.

A primeira transformação é aceitar diminuir o tamanho do Estado e focar no que interessa: educação, saúde, segurança e infraestrutura. O papel do governo é dar direção, incentivar o que é bom para o cidadão, e ao mesmo tempo dificultar (ou eliminar) o que é ruim. O governo não precisa fazer tudo. Na maioria dos casos, basta definir as políticas públicas adequadamente. Nosso povo é um dos mais empreendedores do mundo, e certamente se organizará para desenvolver nossa sociedade segundo tais políticas.

A segunda transformação é priorizar os problemas da sociedade, dando a eles a devida atenção. Cidadãos e empresas geram riquezas que sustentam o Estado. E na minha cabeça, quem paga a conta é o “patrão”! Essa mudança de cultura deve valorizar a presunção de inocência nas relações do Estado com a sociedade em geral, eliminando de vez os ranços de desconfiança ou desdém. Não é aceitável ter de esperar 3 meses por uma consulta médica. Ou 6 meses pra se abrir uma empresa. Isso pra mim não é ineficiência. É bem pior que isso!

Essas duas transformações não acontecerão se ficarmos esperando a corrupção acabar. Ela existe no mundo inteiro! Devemos fiscalizar, sim, e muito! Mas o que falta de verdade para sermos o país do futuro, é governo. Falta governo que governe para o cidadão. Talvez pra isso seja preciso uma reforma política contundente. Não sei. Não sou especialista no assunto.

Mas sei que a solução passa por cada um de nós. De um jeito ou de outro, nós faremos o futuro desse país. Ou não.

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