terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sem água, e agora sem energia!

Picos de energia, como o de ontem, acontecem todos os anos, em todo lugar. Por isso, alguns países, não coincidentemente os mais desenvolvidos, se preparam para este tipo de situação. Isto acontece por meio de programas de resposta à demanda ("demand response programs"). Várias concessionárias tem programas deste tipo nos EUA e na Europa. Ontem mesmo, a Schneider Electric anunciou um programa deste com uma concessionária sul-coreana.

Mas na prática o que muda?
Bem, ao invés de desligar uma carga qualquer, a idéia é desligar uma carga previamente escolhida, normalmente de um grande consumidor, que possa ser desligada se houver planejamento adequado. Para isso, os consumidores se inscrevem voluntariamente no programa, informando a sua capacidade (disponibilidade) de desligamento no momento do pico. Cada desligamento é visto como uma "usina virtual", e portanto, é remunerado como uma usina real: pela disponibilidade, e pela operação.
Ou seja: num programa de resposta à demanda, as concessionárias pagam por consumidores que se dispõem a desligar suas cargas. Pagam pela simples participação no programa, mesmo que não seja necessário nenhum desligamento (pagamento por disponibilidade). E pagam um outro montante, pela operação (pelos volume de kWh desligado).

Qual o benefício disso?
Todo mundo ganha. Ganha a população, que não tem seu metrô desligado, suas lojas fechadas, e assim por diante. Ganha a concessionária, que não tem sua imagem manchada por mais um caso de má gestão. Ganha o governo, pelo mesmo motivo. E ganha o consumidor que participa do programa, ao acrescentar uma receita adicional ao seu balanço.
Há dois anos, a Schneider Electric apresentou esta idéia a várias autoridades brasileiras, na Aneel, ONS e Ministério de Minas e Energia. Não havia e ainda não há regulação para este tipo de programa no Brasil. Mas hoje, não há energia. Talvez seja mais fácil e rápido produzir a regulação, do que a energia em si.