sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um show de profissionalismo

Ontem eu fui ver o Boston Celtics mais uma vez. E pra variar, sai do TD Garden convencido que não se sabe promover nenhum evento esportivo no Brasil. São inúmeras atrações ao longo do jogo, homenagens, mini-concursos, mini-shows, além, é claro, de basquete de primeira qualidade. Usei o termo "mini" pois tudo isso acontece em pequenos intervalos de 30 segundos ou 1 minuto no máximo.

É o conjunto todo, e não só o jogo, que faz o espetáculo. A animação da torcida, profissionalmente liderada por um painel gigante que provoca qualquer ser humano a dançar e gritar. Crianças, adutos, magros, gordos, brancos ou negros, todos juntos! O próprio estádio, sempre cheio, já é um espetáculo quase que por si só. Nos camarotes, negócios rolando. Nas lanchonetes e lojas, filas nos caixas. Grana rolando solta.

É assim que se faz dinheiro com esporte nos EUA e na Europa. O Real Madrid faturou 150 milhões de euros só com ingressos na temporada passada. É o triplo que o total de receita de qualquer clube brasileiro. E aí, a velha desculpa de que somos um país pobre não vale, pois o PIB da Espanha é menor que o brasileiro. A população também.

Eventos esportivos profissionais tem de lotar. Não existe nada mais deprimente que estádio vazio. Nos EUA, dezenas de ligas, de vários esportes, inclusive o "soccer", tem melhor média de público que o futebol brasileiro. Nossos eventos não lotam porque somos amadores. E além disso, deixamos as torcidas organizadas afugentar todo mundo que quer passear, e não brigar.

A receita é simples. No dia em que o esporte for um espetáculo interessante para toda a família, qualquer estádio lota. Mas pra isso é preciso comforto, alegria, segurança, um show de qualidade, e é claro, nada de violência ou mesmo palavrões.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sistema eleitoral é o nosso Muro de Berlim

Nós, brasileiros, temos um "Muro de Berlim" a derrubar: nosso sistema eleitoral. Esse muro da vergonha, herdado do ditador Vargas, impede o aperfeiçoamento do caráter dos nossos políticos. Na realidade, mesmo nos períodos ditos democráticos, o voto proporcional é uma vergonha.

Para acabarmos com os coronéis, os Tiriricas, a única saída é o voto distrital. Nesse sistema, os estados são divididos em regiões com população equivalente ao quociente eleitoral, e cada candidato a deputado, por exemplo, só pode concorrer em uma única região. O voto distrital acaba com a eleição de cantores, jogadores de futebol, palhaços, e afins, pois exige que o candidato seja o mais votado naquele distrito.

Sem a adoção do voto distrital vamos continuar com a proliferação insensata de partidos de aluguel, partidos sindicais, partidos fundamentalistas, partidos ligados a movimentos subversivos, enfim, uma geleia geral! A maioria deles existe apenas para ganhar preciosos minutos de rádio e TV, pagos com o dinheiro do povo e apelidados de gratuitos.

Sem a adoção do voto distrital, os custos das campanhas continuarão exorbitantes, jogando todo o processo eleitoral na vala enlameada do uso vexaminoso do dinheiro público. O voto é obrigatório, livre e secreto. Mas com o voto proporcional, o caixa 2 também é obrigatório e às vezes nem tão secreto.

O voto proporcional é a garantia dos caudilhos enrustidos, dos ditadores potenciais, dos que aspiram mandar sem ter de dar satisfações. É a mais feroz distorção do sistema democrático de representação da vontade do eleitor. O uso da urna eletrônica dá a muita gente a impressão de que nossas eleições são corretíssimas e a vontade dos eleitores é respeitada. Mentira!

Enquanto a criação de partidos não depender, de fato, da presença ativa de filiados; enquanto os partidos tiverem direito a horários gratuitos; enquanto a infidelidade partidária não for objeto de punição real; e, principalmente, enquanto votar num candidato, pelo voto proporcional, significar eleger outro; então o nosso Muro de Berlim ainda estará de pé.

Baseado em artigo de Sandra Cavalcanti
Professora, jornalista, ex-deputada federal constituinte
Publicado no Estadão de 29/out/2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Será que a marmelada vai entrar em campo?

Eu fico triste ouvir essa coisa de São Paulo e Palmeiras entregarem seus jogos pra prejudicar o Corinthians. Acho que isso é coisa de uma mentalidade "pequena", sem falar na falta de esportividade. e, é claro, de especulação pra vender jornal.

Não acho que os corintianos deveriam se preocupar tanto. No Rio, Vasco e Flamengo também podem amolecer para prejudicar o Fluminense. O Vasco pega o Cruzeiro e o Corinthians, e o Flamengo pega o Cruzeiro. Em tese, eles podem querer amolecer também.

O fato é que, se a marmelada vingar, o grande beneficiário pode ser o Cruzeiro, que pega Palmeiras, Vasco e Flamengo na reta final. Três jogos "amolecíveis". Coitados dos atleticanos, que não jogam contra nenhum dos postulantes ao título, e portanto não podem participar da pataquada.

Vamos logo esquecer aquele jogo do ano passado em Campinas. Aquele tipo de coisa não pode acontecer. Tomara que esses times honrem suas tradições, e respeitem os amantes do futebol no país.

Que vença o melhor!
Não é assim que tem de ser?

Fielzão bate o Morumbi nos bastidores

Confesso que a forma como o assunto foi conduzido é realmente típica de um país de terceiro mundo. Mas a verdade é que o Morumbi não tem condição de receber jogos de Copa do Mundo, e os são-paulinos não reconhecem isso até agora.

Eu cresci indo ao Morumbi. Conheço todos os setores, e cá entre nós, na maioria deles a visibilidade é péssima! O que a maioria dos brasileiros ainda não se deu conta é que, na Copa, os ingressos custam muito caro (na Africa a maioria custava mais de US$ 400). E ninguém vai pagar essa quantia para chegar lá e enfrentar as condições a que os brasileiros estão acostumados quando vão a jogos de futebol.

Essa Copa do Mundo mostrará aos brasileiros o que é o esporte no primeiro mundo. Pela primeira vez na vida, nós teremos instalações de qualidade, com estacionamento, lugar marcado, banheiros limpos, lojas credenciadas (e não camelôs vendendo falsificações), e lanchonetes com selo Anvisa (e não churrasquinhos de gato). Isso é o mínimo que se espera para alguém que paga caro para um espetáculo, na expectativa de se divertir com tranquilidade e segurança. Pena que no Brasil isso ainda seja tido como frescura.

Vai ser a "primeira vez" para a maioria dos brasileiros. E quando os são-paulinos forem ao Fielzão, eles vão entender porque o Morumbi tinha que vir abaixo se quisesse sediar jogos da Copa. O Maracanã está reconstruindo todo o anel inferior, ligando o anel superior direto ao gramado. O Morumbi teria que fazer o mesmo, eliminando os dois anéis inferiores. Sem isso, continuará sendo um mastodonte.

Agora, nos resta acreditar na promessa desse Fielzão. Mas com o compromisso assumido por todos os governantes, não tem como não sair. Tudo indica que o São Paulo vai mesmo perder a "pole-position" que segurou por décadas, e daqui a três anos o Morumbi será o pior estádio de São Paulo.