quinta-feira, 10 de março de 2016

O PIB é uma boa forma de medir um país?

Na semana passada, saiu o PIB brasileiro de -3,8%, e quero logo de início deixar claro que eu acho que foi muito pior do que isso. O dilema da sustentabilidade no planeta (ou da falta dela) sempre traz a tona discussões sobre o crescimento econômico, e hoje eu quero discutir a correção (ou não) do PIB como métrica desse crescimento.

Como eu, muitos acham que o PIB não é uma boa medida do crescimento de um país. Tão importante quanto atingir um objetivo, é a forma como isso é feito. O PIB mede os “fins”, mas ignora os “meios”. E os fins não justificam os meios.

Há alguns anos, o presidente Sarkozy, encomendou um estudo para tratar do tema, alegando que não mudaremos nosso comportamento enquanto não for alterada a forma como medimos nosso desempenho.

Um outro centro criou o IDH (Indice de Desenvolvimento Humano), que é melhor, porque inclui indicadores sociais, mas também tem suas falhas.

O fato é que um novo índice deve incluir todos os tipos de “riqueza gerada por uma nação”, e não apenas produtos e serviços, como é feito no cálculo do PIB tradicional.

Ora, educar uma criança não é gerar riqueza? Ou devemos medir apenas o número de cadernos (ou lápis) produzidos?

Eu sei que o PIB ainda é representa uma razoável aproximação da riqueza gerada por uma nação. Mas os erros dessa medição vão crescer rapidamente se não passarmos a computar a forma como essa riqueza financeira foi gerada.

Por exemplo: faz muita diferença produzir energia a partir de carvão, ou a partir do vento. O mesmo kWh não pode ter o mesmo valor. Não pode ser medido apenas em kWh.

O “lixo” acumulado pela atividade econômica tradicional é uma espécie de “depreciação” dos ativos desta sociedade. Esse “lixo” inclui o CO2 emitido na atmosfera, os rejeitos (às vezes tóxicos) depositados em lixões, silos ou represas, e a devastação de nosso meio-ambiente por diversas formas. Eu também acho que deve incluir os impactos da escravização de pessoas (boa pauta para uma longa discussão!). E como sabemos, incluirá, mas dia, menos dia, os custos da corrupção.

No mundo da sustentabilidade, todas essas formas de “lixo” são chamadas de externalidades. O custo dessas externalidades vai aparecer um dia. E por isso, sou a favor que comece a entrar na conta desde já, pois está sendo gerado agora.

O PIB de todos os países ignora tudo isso. Os balanços da maioria das empresas também. Ao meu ver, chegou a hora de começarmos a fazer provisões pra pagar essa conta.

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